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domingo, 8 de janeiro de 2012

A água, amiga ou inimiga

Uso múltiplo das águas, cheias e secas – Meio Ambiente, ANA e ANEEL
Um cenário que se repete ano a ano e que irrita diante da omissão criminosa dos Governos (em todos os níveis) é saber que temos brasileiros submetidos, a maior parte deles, à violência das águas por excesso ou falta desse líquido precioso quando bem usado..
A raiva aumenta quando observamos as prioridades e programas de obras, a preocupação mórbida do Banco Central em seguir uma estratégia infeliz de combate à inflação (inibindo investimentos importantes) e a mediocridade de lideranças políticas e corporativas diante do pesadelo que um Brasil tropical está sujeito, mas que poderia ser minimizado se houvesse vontade, determinação e competência. Aliás, sobre a atuação dos Bancos Centrais vale a pena ver o filme (Trabalho Interno), imperdível para quem quiser entender uma dinâmica que no Brasil tem sua forma específica de agir.
Sabemos que muito pode e deve ser feito para se garantir a segurança dos brasileiros, mais ainda quando muitas concessões (usinas hidroelétricas) estão prestes a vencer, ou seja, é o momento de formular e discutir reformas importantes e obras complementares.
Aprendemos muito em momentos terríveis.
Na diretoria de Operação da Copel enfrentamos uma enchente assustadora na década de noventa. Por sorte ela coincidiu com uma reunião do pessoal que cuida dos rios em Curitiba entre a Eletrosul e a Copel. Apesar de inúmeros doutores no assunto só abrimos as comportas no último minuto, ainda com hesitação dos operadores... As informações meteorológicas eram precárias, mas a frente de instabilidade passara antes pelo Rio Grande do Sul, possibilitando uma antevisão do que teríamos aqui.
Isso motivou muitas coisas, desde a utilização de relatórios quase instantâneos graças à competência do pessoal de Informática da Copel até a proposta, adiante, da criação do que viria a ser o SIMEPAR (SIMEPAR - Tecnologia e Informações Ambientais), isso sem falar na revisão do sistema de telecomunicações que era insuficiente diante do potencial que se abria com as fibras óticas, assim como uma revisão das normas operacionais para a Usina Governador Bento Munhoz da Rocha Netto (COPEL).
Ou seja, aos poucos descobrimos os limites, virtudes e defeitos da tecnocracia da empresa, assim como o tremendo potencial que a Engenharia permitia e não era usada.
Teremos revisões de concessões e a passividade de determinadas agências, ministérios e secretarias precisam mudar, interagindo com o Poder Político e a sociedade civil organizada e criando propostas melhores, mais ajustadas às nossas necessidades.
O Brasil possibilita grandes, médios e pequenos projetos a favor de sua segurança e maior produtividade. Escrevemos nesse espaço, Paraná Político, o artigo “Pesadelos com bons paliativos”. Muitos outros poderão ser produzidos, contando histórias que vivemos pessoalmente em diversos cenários.
Um livro que merece ser lido, valendo pelo registro das mudanças brutais do clima e do nível dos oceanos, entre outras coisas, é (Uma breve História do Mundo). A pergunta que devemos fazer é: seremos passivos?
O Brasil está investindo pesado em obras nem sempre prioritárias, algumas polêmicas e caras, como, por exemplo, a preparação do país para a Copa do Mundo de 2014.  Até parece que estamos em 1950, quando o Mundo estava quebrado e os brasileiros desperdiçaram muito dinheiro...
Às vítimas das secas e enchentes perguntamos se já ouviram falar da ANA (Agência Nacional de Águas - ANA) e ANEEL (Agencia Nacional de Energia Elétrica - ANEEL); se conhecem a fundo as atribuições dos órgãos de Defesa Civil e Meio Ambiente; se imaginaram que poderiam estar em situação melhor se houvéssemos priorizado nossas necessidades, em vez de dar atenção excessiva a propostas oportunistas de ONGs e fundações externas ao Brasil, além de modismos irresponsáveis?
Sendo de Santa Catarina e de Blumenau vimos em desespero de causa o desinteresse de políticos e tecnocratas na formulação e defesa de projetos que poderiam reduzir a violência das enchentes. Só quem morou ou vive em lugares perigosos sabe quanto pode significar um centímetro a mais ou a menos no nível das águas, informações objetivas e boa engenharia. Parece que nosso povo catarinense começa a reagir. E no resto do Brasil, como enfrentaremos o século 21 e a possibilidade de mudança em perfis hidrológicos, clima etc.?

Cascaes

4.1.2012

(s.d.). Fonte: Agência Nacional de Águas - ANA: http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx
(s.d.). Fonte: Agencia Nacional de Energia Elétrica - ANEEL: http://www.aneel.gov.br/
(s.d.). Fonte: SIMEPAR - Tecnologia e Informações Ambientais: http://www.simepar.br/
Blainey, G. (s.d.). Uma breve História do Mundo (2 ed.). Fundamento Educacional.
Cascaes, J. C. (s.d.). Trabalho Interno. Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com/2012/01/trabalho-interno.html
COPEL. (s.d.). Usina Bento Munhoz da Rocha Netto. Fonte: COPEL: http://www.copel.com/hpcopel/root/nivel2.jsp?endereco=%2Fhpcopel%2Froot%2Fpagcopel2.nsf%2F044b34faa7cc1143032570bd0059aa29%2Fe307f2c9b2edc56303257412004fdb91




Pesadelos  com bons paliativos
O início do período de chuvas fortes e seus pesadelos mostram como perdemos tempo, dinheiro e vidas humanas desprezando o que a Humanidade já sabe fazer há muito tempo.
A Engenharia, apesar das ARTs (ART - Anotação de Responsabilidade Técnica) e alvarás, ou dizendo o contrário, ignorando a necessidade de bom planejamento urbano e rigor técnico a favor de sentimentos de direito discutíveis, viabilizou por ação ou omissão diante de leis demagógicas ou oportunistas a ocupação de lugares perigosos ou de preservação ambiental racional.
Paramos no tempo também, ou pior, regredimos com medo de propor coisas que possam desagradar os gurus verdes e direitos humanos mal definidos.
Maravilhosamente chegamos a uma condição de resolver nossos problemas, se isso for prioridade política.
Além do respeito à Natureza o Brasil, sua geologia, hidrologia, topografia etc. já permitem sonhar com algo mais do que simplesmente voltar aos tempos das florestas.
Graças à evolução tecnológica e à existência de bons serviços de meteorologia e, quem sabe, no futuro trabalhos confiáveis de climatologia com sistemas eficazes de aquisição e processamento de dados, tudo nas mãos de profissionais especialmente treinados e respeitados, bem pagos e motivados, será possível a viabilização de mega-sistemas de coleta, acumulação, desvio e distribuição de águas das chuvas entre diversas bacias, lagos, grandes rios e o oceano é uma possibilidade real de enfrentar períodos tormentosos que ainda não exploramos, possibilitando-nos refletir sobre os PACs e outros programas em andamento. Prioridades?
A exemplo de muitos países desenvolvidos (Construir canais e diques, uma experiência milenar na Holanda, 2010) e até milenares  (Grande Canal da China)  podemos reduzir os efeitos das enchentes e períodos de estiagem com obras relativamente simples, apesar de monumentais, se tivermos disposição e competência.
Os projetos em desenvolvimento no Brasil mostram custos que já fazem de Itaipu uma simples etapa e dão a certeza de que chegamos ao ponto de sonhar com Engenharia real e de alto nível a favor do nosso povo.
Temos perto de Curitiba e da cidade de São Paulo, por exemplo, duas hidroelétricas que poderiam ser vinte vezes maiores e terem múltiplas funções, desde que complementadas com reservatórios distribuídos e canais interligando microbacias, reservatórios e a costa atlântica.
O preço da energia elétrica, um detalhe menor se considerarmos o ganho com a segurança no abastecimento de água e esgotamento de excessos, tudo considerado, pensado e ajustado ao que pudermos fazer, justificaria essa visão que já teve uma preliminar na década de sessenta quando recebemos na Escola Federal de Engenharia de Itajubá o convite para trabalhar na COPEL, turma de 1968. O Projeto de Reversão do Rio Negro, à época considerado apenas para geração de energia elétrica, daria uma usina de quatro mil MW ao Paraná.
Era energia demais para o sul do Brasil e foi substituído por hidrelétricas menores.
Agora temos carga, dinheiro, sistema de transmissão pesado, tecnologia e condições de realizar algo realmente capaz de trazer um conjunto de benefícios ao povo brasileiro.
Basicamente devemos pensar em unir bacias, criar sistemas de acumulação de água e aproveitamento residual em energia elétrica, unindo sistemas hídricos e aproveitando, quando existir a proximidade do mar, o desvio para redução de fluxo e geração de energia em grande quantidade, possível graças aos grandes desníveis que a Serra do Mar criou.
Vale registrar a sinergia total se soluções dessa espécie acontecerem. Na situação atual temos apenas um circuito para as águas, a calha de seus rios. Interligando-os teremos mais um (pelo menos) instrumento de regulação extremamente importante.
Sempre vale lembrar que muitos rios brasileiros nascem perto do mar para então seguirem cursos enormes até desaguarem no Atlântico.
Estaremos construindo “caixas d’água” e “ladrões” para não sermos surpreendidos por enchentes ou secas evitáveis.
Há dois milênios os chineses fizeram imensos canais e diques com enorme sucesso e nós estamos ainda desperdiçando água e perdendo oportunidades, pode?
Logo o Governo Federal deverá rever concessões via ANEEL, é hora de por essas hipóteses em discussão.
Evidentemente um programa desses deve ser antecedido por estudos e anteprojetos cuidadosamente elaborados, discutidos, analisados. Nada pode ser feito sem ponderações e avaliações precisas. Felizmente temos no Brasil cultura, laboratórios e boas equipes para esse tipo de trabalho. É só querer.

Cascaes
23.12.2011
ART - Anotação de Responsabilidade Técnica. (s.d.). Fonte: CREA-PR: http://www.crea-pr.org.br/crea3/html3_site/art_inicial_duvidas.htm
Castro, H. (4 de 11 de 2010). Construir canais e diques, uma experiência milenar na Holanda. Fonte: Viajologia: http://colunas.epoca.globo.com/viajologia/2010/11/04/construir-canais-e-diques-uma-experiencia-milenar-na-holanda/
Grande Canal da China. (s.d.). Fonte: Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Canal_da_China

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