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domingo, 6 de julho de 2008

Defesa Civil e a vigilância cívica

A evolução da Humanidade precisa ser medida pela educação que adquire. Certamente uma forma de se avaliar o grau de desenvolvimento de qualquer povo está na forma de reagir, de atuar em diversos cenários. Notamos culturas passivas e ativas. Muitas preferem rezar, outras trabalhar, lutar, enfrentar. Entre os muitos comportamentos odiosos percebemos a indiferença, a ausência de preocupação com a sorte de outros que não sejam da própria comunidade.

O maremoto, que matou mais de cem mil pessoas na região do oceano Índico, foi, acima de tudo, um exemplo incrível da capacidade de omissão dos seres humanos. Para terminar o ano de 2004 vimos a tragédia de Buenos Aires, ano que também mostrou a polêmica semântica em torno do furacão Catarina, com ventos de 150 km aproximando-se de Santa Catarina enquanto a mídia gastava seu tempo analisando conceitos. Os exemplos não param por aí mas são suficientes para mostrar um grau de alienação e ignorância extremamente perigoso.

As grandes catástrofes causam prejuízos e sofrimentos incalculáveis. Muitas são inevitáveis, acontecem porquê são acontecimentos fora de nosso controle, outras não. Praticamente todas teriam menos vítimas se existisse uma preocupação real em evitá-las, ou, pelo menos, em reduzir seus efeitos.

Os tsunamis asiáticos eram previsíveis a partir do momento em que se percebeu o terremoto gigantesco que lhes deu origem. Via internet e noticiários, grande parte da população, com possibilidades de ser atingida, poderia ter sido alertada. Laboratórios de sismologia do mundo inteiro registraram o fenômeno. De nenhum deles partiu o email que teria salvo milhares de pessoas. Note-se que essa mensagem seria pessoal ou institucional, não aconteceu por iniciativa do plantonista (normalmente um cientista, doutor ou coisa parecida) nem por vontade das instituições, afinal não tinham contrato de apoio àquelas nações...

E nesses países, a Índia é nação que já tem armas nucleares e inúmeros cientistas, apesar de tudo isso nada aconteceu para se mandar a mensagem à CNN, por exemplo, que, com certeza, salvaria muita gente. Observando as reportagens, notamos que alguns minutos de aviso prévio seriam suficientes para deslocar das praias gente que lá passeava ou trabalhava sem imaginar que estava a poucos instantes do final trágico.

Vivemos a lógica do egoísmo exacerbado, o resultado é o que descobrimos em nosso dia a dia. A violência cresce e todos agem como se tudo fosse problema dos outros ou de governo. Parece que o indivíduo perdeu capacidade de reagir, de atuar efetivamente. Reza-se muito, pratica-se todo tipo de ritual, mais para pedir perdão e bajular algum ser superior do que realmente na preocupação de se reforçar algum processo de solidariedade.

No Brasil temos cenários de risco que aumentam com o tempo. Aqui possuímos desde usinas nucleares em praias moles (Itaorna) até barragens de grande porte. Aviões, trens, navios e caminhões poderão explodir se forem mal cuidados. Temos terremotos, sim, assim como enchentes gigantescas, secas, ventanias e outros fenômenos naturais respeitáveis. Estamos preparados para enfrentá-los?

No Setor Elétrico essa é uma questão permanente, que deve merecer a atenção de nossas autoridades. É sempre melhor prevenir do que remediar. Os acidentes dependem de circunstâncias coincidentes, as principais delas certamente serão os projetos deficientes, manutenção precária e pessoal de operação mal preparado.

Não é privilégio nosso a omissão. Ela faz parte de um processo mundial. Pior ainda quando acontece entre agentes com maior responsabilidade. Não devemos ignorar as tentações da economia fácil, da redução de custos irresponsável, da incompetência técnica.

A vigilância permanente é fundamental à segurança de todos nós.

Precisamos aprender com os nossos erros (e dos outros). Devemos evoluir. Sabemos o que é necessário para que os grandes acidentes sejam menores e, alguns, evitáveis. Deveríamos introduzir em nossas escolas cursos de prevenção, alerta, solidariedade, atenção. Nossos profissionais deveriam saber onde e como agir para impedir ou reduzir acidentes. Educação e instrução poderão transformar o mundo, é só querer.

Cascaes

1/1/2005

Um comentário:

Anônimo disse...

bravoo!!!!
otima critica. Os governos, grandes instituiçoes e maiores autoridades so estao preocupados no $$, em descobertas de novas fontes de petrólio, em mais agéis armamentos nucleares, em Guerra,... e acabam deixando para segundo, terceiro, quarto plano essas possibilidades de terremotos, tsunamis, furacões, ataques, que acabam sendo mais devastadores que uma guerra por exemplo. o prejuizo gerado, as vidas, as cicatrizes deixadas são muito profundas do que se pode imaginar, Só quem viveu, sofreu, perdeu alguem por conta de algum acontecimentos sabe como é. Sempre é melhor previnir do que remediar! tem que esperar acontecer algo grandioso, traumatico, para se darem conta dos riscos, Como 11 de setembro, foi preciso sequestrarem avioes, morrer milhares de pessoas, deixar uma imensa cicatriz na cidade de NY para então reforçarem a segunça do país, tudo isso pq a atenção maior é voltada ao dinheiro e não a segurança e bem estar dos seus habitantes.