Publicado em 31 de ago de 2014
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Cientistas confirmam a descoberta de um outro “Amazonas” a quatro mil metros de profundidade, abaixo do Rio Amazonas
Por meio de uma pesquisa iniciada há 10 anos cientistas confirmaram a existência de um rio subterrâneo na Amazônia. A confirmação foi anunciada durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no último mês de julho de 2014, no campus da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco.
Um enorme e profundo reservatório de água doce
Segundo o professor Francisco de Assis Matos de Abreu, da Universidade do Pará (UFPA), o volume de água subterrânea é estimado em mais de 160 trilhões de metros cúbicos.
Esse volume é 3,5 vezes maior do que o do Aquífero Guarani – depósito de água doce subterrânea que abrange os territórios do Uruguai, da Argentina, do Paraguai e principalmente do Brasil, com 1,2 milhão de quilômetros quadrados (km2) de extensão.
Os pesquisadores afirmam, com base nos estudos, que o sistema hidrogeológico começou a ser formado a partir do período Cretáceo, há cerca de 135 milhões de anos.
O professor Abreu informou que “a reserva subterrânea representa mais de 80% do total da água da Amazônia. A água dos rios amazônicos, por exemplo, representa somente 8% do sistema hidrológico do bioma e as águas atmosféricas têm, mais ou menos, esse mesmo percentual de participação”
A confirmação da existência do aquífero, apurou a reportagem de Ambiente Legal, ocorre em função dos estudos desenvolvidos nos anos anteriores, em um trabalho desenvolvido para uma tese de doutorado na Universidade do Amazonas.
De fato, a descoberta foi possível graças aos dados de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobras nas décadas de 1970 e 1980, na região amazônica, quando a estatal procurava petróleo.Fluidos que se movimentam por meios porosos – como a água que corre por dentro dos sedimentos sob a Bacia Amazônica – costumam produzir sutis variações de temperatura.
Com a informação térmica fornecida pela Petrobras, os cientistas Valiya Hamza, da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional e a professora Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas, identificaram movimentação de águas subterrâneas em profundidades de até 4 mil metros.
O dados do doutorado de Elizabeth, sob orientação de Hamza, foram apresentados no 12.º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, realizado em 2011, no Rio de Janeiro. Naquela ocasião, em homenagem ao orientador, pesquisador indiano que vive no Brasil desde 1974, os cientistas batizaram o fluxo subterrâneo, denominado hoje de Bacia Aquífera do Sistema Amazônico – BASA, de “Rio Hamza”.
Diferenças hidrológicas entre a superfície e o sistema subterrâneo
A vazão média do Rio Amazonas é estimada em 133 mil metros cúbicos de água por segundo (m3/s), com uma velocidade de 0,1 a 2 metros por segundo. O fluxo subterrâneo contém apenas 2% desse volume com uma vazão de 3.000 m3/s, com uma velocidade ínfima de 10 a 100 metros por ano.
A vazão desse aquífero, se observado como um “rio subterrâneo”, é, no entanto, maior que a do Rio São Francisco, que corta Minas e o Nordeste e beneficia 13 milhões de pessoas, de 2,7 mil m3/s. Para se ter uma ideia dessa vazão em relação aos rios da região sudeste, quando a calha do Rio Tietê, em São Paulo está cheia, a vazão deste rio alcança pouco mais de 1 mil m3/s.
Há uma explicação para a lentidão subterrânea. Na superfície, a água movimenta-se sobre a calha do rio, como um líquido que escorre sobre a superfície. Nas profundezas, não há um túnel por onde a água possa correr. Ela vence pouco a pouco a resistência de sedimentos que atuam como uma gigantesca esponja: o líquido caminha pelos poros da rocha rumo ao mar.
De toda forma, assim como recorremos cada vez mais a maiores profundidades, para obtermos petróleo, estamos prestes a recorrer às fontes subterrâneas para produzir a água necessária ao abastecimento de nossa população. Nesse ponto, o Brasil, ainda que revele problemas complexos quanto à preservação e uso de suas abundantes bacias hídricas superficiais, é ainda por cima premiado com a descoberta de volumes estratégicos de água doce em seu subsolo profundo. Um verdadeiro “Pré-Sal” azul.
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Cientistas confirmam a descoberta de um outro “Amazonas” a quatro mil metros de profundidade, abaixo do Rio Amazonas
Por meio de uma pesquisa iniciada há 10 anos cientistas confirmaram a existência de um rio subterrâneo na Amazônia. A confirmação foi anunciada durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no último mês de julho de 2014, no campus da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco.
Um enorme e profundo reservatório de água doce
Segundo o professor Francisco de Assis Matos de Abreu, da Universidade do Pará (UFPA), o volume de água subterrânea é estimado em mais de 160 trilhões de metros cúbicos.
Esse volume é 3,5 vezes maior do que o do Aquífero Guarani – depósito de água doce subterrânea que abrange os territórios do Uruguai, da Argentina, do Paraguai e principalmente do Brasil, com 1,2 milhão de quilômetros quadrados (km2) de extensão.
Os pesquisadores afirmam, com base nos estudos, que o sistema hidrogeológico começou a ser formado a partir do período Cretáceo, há cerca de 135 milhões de anos.
O professor Abreu informou que “a reserva subterrânea representa mais de 80% do total da água da Amazônia. A água dos rios amazônicos, por exemplo, representa somente 8% do sistema hidrológico do bioma e as águas atmosféricas têm, mais ou menos, esse mesmo percentual de participação”
A confirmação da existência do aquífero, apurou a reportagem de Ambiente Legal, ocorre em função dos estudos desenvolvidos nos anos anteriores, em um trabalho desenvolvido para uma tese de doutorado na Universidade do Amazonas.
De fato, a descoberta foi possível graças aos dados de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobras nas décadas de 1970 e 1980, na região amazônica, quando a estatal procurava petróleo.Fluidos que se movimentam por meios porosos – como a água que corre por dentro dos sedimentos sob a Bacia Amazônica – costumam produzir sutis variações de temperatura.
Com a informação térmica fornecida pela Petrobras, os cientistas Valiya Hamza, da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional e a professora Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas, identificaram movimentação de águas subterrâneas em profundidades de até 4 mil metros.
O dados do doutorado de Elizabeth, sob orientação de Hamza, foram apresentados no 12.º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, realizado em 2011, no Rio de Janeiro. Naquela ocasião, em homenagem ao orientador, pesquisador indiano que vive no Brasil desde 1974, os cientistas batizaram o fluxo subterrâneo, denominado hoje de Bacia Aquífera do Sistema Amazônico – BASA, de “Rio Hamza”.
Diferenças hidrológicas entre a superfície e o sistema subterrâneo
A vazão média do Rio Amazonas é estimada em 133 mil metros cúbicos de água por segundo (m3/s), com uma velocidade de 0,1 a 2 metros por segundo. O fluxo subterrâneo contém apenas 2% desse volume com uma vazão de 3.000 m3/s, com uma velocidade ínfima de 10 a 100 metros por ano.
A vazão desse aquífero, se observado como um “rio subterrâneo”, é, no entanto, maior que a do Rio São Francisco, que corta Minas e o Nordeste e beneficia 13 milhões de pessoas, de 2,7 mil m3/s. Para se ter uma ideia dessa vazão em relação aos rios da região sudeste, quando a calha do Rio Tietê, em São Paulo está cheia, a vazão deste rio alcança pouco mais de 1 mil m3/s.
Há uma explicação para a lentidão subterrânea. Na superfície, a água movimenta-se sobre a calha do rio, como um líquido que escorre sobre a superfície. Nas profundezas, não há um túnel por onde a água possa correr. Ela vence pouco a pouco a resistência de sedimentos que atuam como uma gigantesca esponja: o líquido caminha pelos poros da rocha rumo ao mar.
De toda forma, assim como recorremos cada vez mais a maiores profundidades, para obtermos petróleo, estamos prestes a recorrer às fontes subterrâneas para produzir a água necessária ao abastecimento de nossa população. Nesse ponto, o Brasil, ainda que revele problemas complexos quanto à preservação e uso de suas abundantes bacias hídricas superficiais, é ainda por cima premiado com a descoberta de volumes estratégicos de água doce em seu subsolo profundo. Um verdadeiro “Pré-Sal” azul.
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