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sexta-feira, 11 de março de 2011

Aprendendo com as tragédias

Estamos vendo, horrorizados, os efeitos do terremoto no Japão. É um tema tão violento, grave e chocante que precisamos medir as palavras e para o povo japonês manifestar nosso pesar e condolências.
Medir as palavras principalmente porque precisamos comparar o que acontece lá e aqui.
Nesse início de ano a região sudeste do Brasil, a teoricamente mais desenvolvida, passou por algumas horas de chuva intensa, que deixaram quase mil mortos e desaparecidos. No Rio Grande do Sul o povo perdeu muito sob os efeitos de uma cheia repentina, talvez não observando que a destruição de parte de uma rodovia construída sobre um aterro linear teve, talvez, o efeito do desmonte de um dique. O apagão da Engenharia Nacional é um pesadelo.
No Paraná disseram-nos que o radar meteorológico do Simepar estaria parado por falta de uma peça.
Enchentes, ventos e coisas parecidas matam muita gente, nada comparado, entretanto, às doenças tropicais, inclusive a dengue. Essa doença entrou pelo Brasil como se fosse num desfile de carnaval, enquanto nossas autoridades discutiam quem devia fazer o quê.
Blumenauense, sabemos o que significa ter de conviver com situações de risco e a importância da organização da comunidade. Não podemos depender de improvisações milagrosas, como a divina inspiração de prefeitos que mandam carros de som avisar a população.
Vimos as sereias/cornetas avisando o povo japonês do risco de um tsunami. Aqui, nem rotas de fuga temos se algo parecido acontecesse no nosso litoral em época de temporada.
A Natureza está mudando. Já cansamos de ouvir palestras de saquinhos de lixo e latinhas de cerveja, e o resto? Como enfrentar o futuro? Os japoneses estão mostrando o que significa um povo preparado para catástrofes, e nós? Campanhas de doações?
O que nossas autoridades priorizam? A Copa do Mundo? Pagamento de juros?
Estamos em março, até o final do ano será interessante contabilizar o número de mortos no Brasil e comparar esses gráficos com os de outros países.
Quantos brasileiros poderão estar vivos se de imediato o Governo dedicar ministérios, recursos e vontade para educar nosso povo a enfrentar catástrofes e na luta contra as epidemias e endemias, enchentes, ciclones, deslizamentos de terra etc.?
Crescemos vendo o trabalho da Malária (Serviço Nacional de Combate à Malária) em Santa Catarina, (uma doença violenta por lá até praticamente desaparecer (continua pior na Amazônia)), como chamávamos a SUCAM de hoje. Graças a um trabalho sistemático a malária caiu a números civilizados no litoral de Santa Catarina. As doenças tropicais, entretanto, estão aí (Scliar).
Vimos e convivemos pessoalmente com o povo de Santa Catarina e do Paraná em diversas enchentes. A Defesa Civil de Blumenau (Defesa Civil para a Comunidade), por exemplo, está longe do que deveria ser, com poucos recursos e muita competência, apesar das dificuldades, tem salvado muita gente.
E no Brasil?
Felizmente o conhecimento humano evolui exponencialmente, a inteligência não, lamentavelmente. O carnaval terminou, agora a volta à realidade e à contagem do número de mortos nas estradas, por enquanto empatando com o número de vítimas fatais do Japão.
Lá eles têm tufões, tsunamis, terremotos, etc.
Aqui temos vereadores, deputados, senadores etc. e uma tremenda inoperância do Poder Executivo, o interesse dos agiotas e especuladores nacionais e internacionais é mais importante e os bons projetos raramente merecem respeito.
Quando teremos governos sérios, responsáveis, objetivos? Precisamos de máxima competência, a Natureza está mostrando suas garras.
A esperança, felizmente, não morre. Vamos ver do que Sua. Excia. Dilma Rousseff é capaz.
O desafio não é pequeno.

Cascaes
11.3.2011

Defesa Civil para a Comunidade. (s.d.). Fonte: Prefeitura de Blumenau: http://www.blumenau.sc.gov.br/gxpsites/hgxpp001.aspx?1,7,83,O,P,0,MNU;E;54;1;5;6;MNU;,
Scliar, M. (s.d.). O Brasil e suas epidemias. Acesso em 11 de 3 de 2011, disponível em Jornalistas AM: http://www.jornalistasam.com.br/index.php/noticias/1/1524.html

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